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Girassol ocupa área reservada para a mamona

publicada em 19-10-2009

Fonte: Jornal do Commercio

BIOCOMBUSTÍVEIS 

Cultivo de girassol cresce no Nordeste, pois, além da maior produtividade da semente como biodiesel, resíduo vira alimentação para o gado 

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Sem a visibilidade que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conferiu à mamona – apresentada em 2005 como âncora do programa de biodiesel no Nordeste e que não se viabilizou pela inexistência de uma cadeia produtiva completa e falta de variedades adequadas à Região –, a cultura do girassol vem crescendo nos Estados nordestinos. A expansão vem do sucesso das experiências desenvolvidas em Sergipe, tendo como diferencial o fato de ser uma cultura de ciclo curto e, diferentemente da mamona, de poder gerar resíduos comestíveis para o gado após a colheita das sementes destinadas à produção de óleo.

A produtividade, naturalmente, ainda está distante dos campos formados no Mato Grosso e no Paraná para o agronegócio, mas em pouco mais de três anos, 17 mil pequenos produtores já cultivam 36 mil hectares, num movimento que tende a crescer não apenas em Sergipe (onde a cultura já é feita por 6 mil agricultores familiares), mas no Semi-Árido do norte de Minas ao Piauí – cuja produção pode ter contrato garantido pela Petrobras Biocombustíveis para o processamento das sementes. No caso de Sergipe, as sementes vão para a Usina da Petrobras de Candeias, na Bahia, que foi desenhada para ser abastecida por sementes de mamona, mas deve receber cada vez mais girassol para processar.

Embora o óleo de soja seja hoje o carro-chefe do biodiesel no Brasil (segundo a Agência Nacional do Petróleo, ANP), responsável por 80% da produção do biocombustível, entidades como a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) defendem a opção pelo girassol, especialmente pelo seu teor de produção.

Na prensa da usina, um quilo de semente de soja, em média, gera 19% de óleo. O caroço de algodão, em torno de 15%. O girassol chega a 41%. Além disso, enquanto as lavouras de soja e algodão no Brasil encontram-se na fronteira tecnológica em relação aos melhores produtores do mundo, no girassol a agricultura brasileira é defasada em 29%, o que significa potencial de crescimento da produtividade.

Comparada aos 73,3% vindos da soja, o 0,8% oriundo da semente de girassol, no ano passado, é insignificante. No Nordeste, ele nem entra nas estatísticas, mas segundo o diretor de Suprimento Agrícola da Petrobras Biocombustível, Janio Rosa, no caso do girassol, a empresa está ainda disseminando o cultivo, utilizando variedades da Embrapa para a Região. Segundo ele, a ação inclui prestação de assistência técnica e fornecimento de sementes certificadas junto aos agricultores familiares, tentando obter ganhos de produtividade assistidos pela Embrapa.

O pesquisador Ivênio Rubens de Oliveira, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, de Sergipe, que lidera o programa de assistência aos agricultores no Estado, diz que o sucesso entre os agricultores é porque, entre outras vantagens, o girassol é riquíssimo em potássio, que acaba ancorado ao solo, adubando a terra. “Como ele tem raízes com até 2 metros, consegue água e nutrientes fazendo a reciclagem dos minerais”, diz. Desta forma, quando a outra cultura é plantada, se beneficia com o adubo gerado pelo girassol. Além disso, quando a planta floresce, viabiliza a produção de mel (até 40 quilos por hectare) e após colhida a semente, o resto da cultura vira forrageira, conclui o pesquisador.


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