É um inseticida natural a base de Cravo da índia e Amansa senhor. O produto combate a praga do ácaro rajado, que tradicionalmente ataca árvores frutíferas. O pesquisador do Departamento de Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Cláudio Câmara descobriu uma forma de acabar com o ácaro rajado utilizando uma técnica que extrai o óleo essencial de cada vegetal, aplicando-o nas plantações por meio de método chamado fumigação, que é expor o vegetal ao vapor da substância aplicada.
“A pesquisa sobre o Cravo da Índia já está em processo de finalização, com 80% dos estudos já concluídos. Falta apenas um teste campal, em ambiente telado para termos total segurança de que o inseticida é realmente eficaz contra o ácaro rajado,” revela o professor Cláudio Câmara, em relação às fases dos estudos de cada planta. No caso da planta Amansa senhor o estágio está menos avançado porque sua raiz é mais forte que seu caule e suas folhas, exigindo maior cuidado, mas também já foi testada.
Os estudos envolvendo o Cravo da Índia e o Amansa senhor são financiados por meio de bolsas de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e o projeto será divulgado no Journal of Essential Oil Research, periódico que publica pesquisas científicas envolvendo processos químicos e biológicos. “O mais importante dessas pesquisas é que, além de expandir o conhecimento, temos a chance de proteger o meio ambiente e as pessoas, utilizando componentes da própria natureza,” destaca Cláudio Câmara.
Atualmente o inseticida desenvolvido pelo pesquisador da UFRPE vem sendo testado em mamoeiros e plantações de feijão, que são locais de grandes atuações do ácaro rajado. E também em parreiras, morangueiros, pés de algodão e grãos armazenados.
Para quem não conhece, o Amansa senhor, é uma planta tipicamente brasileira, e que foi muito utilizada pelos escravos. O nome científico é Petiveria tetrandra. Antigamente era usada como analgésico, antiasmática, calmante, diurética, expectorante, entre outras funções. Mas os escravos, na época das Casas Grandes, a utilizavam para “acalmar” os senhores de engenho. “Os escravos misturavam o chá dessa planta com a bebida dos senhores de engenho para que eles não fossem para a senzala abusar de suas mulheres. Daí o nome de Amansa senhor”, explica o pesquisador da UFRPE.
Da planta podem ser utilizadas a casca, as flores, os frutos e as sementes, mas em excesso pode provocar alucinações, além de sedar o sistema nervoso central. Também é muito utilizada contra picadas de insetos. Para isso, as suas folhas e galhos devem ser colocados em álcool até ter o sumo dissolvido. Depois, molha-se o local machucado com a solução. Esse tipo de planta é encontrada desde Pernambuco até o Rio Grande Sul.
Fonte: Nordeste Rural