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Agronegócio: inovar é preciso

publicada em 18-05-2010

PERNAMBUCO INOVADOR
Realização de pesquisas e uso de novas tecnologias podem ajudar a diversificar produção


O agronegócio pernambucano precisa inovar. Tanto as atividades que estão estabelecidas no Estado, como a cana-de-açúcar da Zona da Mata e o cultivo de manga e uva no Vale do São Francisco, no Sertão, quanto a bovinocultura de leite que começa a se expandir no Agreste. Investir em apoio diferenciado aos agricultores familiares, diversificar a produção local, levar os avanços obtidos pelas pesquisas científicas para os pequenos, médios e grandes produtores. Eis algumas das ações urgentes que precisam ganhar força em Pernambuco. Potencial há. Faltam políticas públicas e iniciativa privada para desenvolvê-lo.

O assunto foi tema do 6º ciclo de debates do Fórum Pernambuco Inovador, projeto do Porto Digital e do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. O exemplo do Vale do São Francisco é o que melhor ilustra como iniciativas inovadoras podem se desenvolver a ponto de criar uma nova fronteira agrícola no Estado e como a falta delas ameaça esses avanços. Antes, Pernambuco era só cana-de-açúcar. Com o surgimento dos chamados perímetros irrigados, verdadeiros oásis em meio ao Sertão, a uva (antes artigo de luxo) e a manga ganharam força. Só que hoje surge o desafio de manter a competitividade frente a novos agentes do mercado.

“Infelizmente, em Pernambuco se criou uma visão poética sobre como se produz com irrigação. Ao ter a água, achou-se que todos os outros problemas estavam resolvidos. Só que falta pesquisa. São Paulo está em crescendo seu cultivo de uvas, especialmente para produção de vinhos. Com avanços científicos, poderíamos ter uma produção de suco por todo ano, por exemplo. Além de outras frutas como pêra, maçã e caqui”, analisa o presidente da Associação dos Produtores do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto.

O argumento é reforçado pelo pesquisador do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e ex-secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Gabriel Maciel. Para ele, é preciso diversificar. Maciel ressalta que além de outras frutas, o Estado está se destacando no cultivo de peixes (a aquicultura) e, ainda que de pouca expressividade, produção de peles, couros e curtimentos. A bovinocultura de leite é puxada pelos novos investimentos na área industrial de laticínios em Pernambuco. A avicultura cresce a passos largos. E há ainda uma tímida recuperação da atividade apícola (produção de mel) no Sertão do Araripe. “Só que temos os desafios de infraestrutura e logística. A Transnordestina deverá resolver muitos problemas. E falta crédito para os agricultores investirem em suas plantações e trabalharem de olho no mercado externo. Por fim, o uso de pesquisa e desenvolvimento é quase nulo”, elenca os gargalos.

Para se ter uma ideia do peso do agronegócio em uma economia, no Brasil ele responde por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera cerca de 20 milhões de empregos. Em um cenário onde a maioria dos países está sem áreas livres para a agropecuária, o País possui, sem a contabilizar as terras da Floresta Amazônica, algo em torno de 200 milhões de hectares disponíveis. Soja, carnes, frango, açúcar, etanol e celulose dominam a pauta de exportações do primeiro setor brasileiro. O Brasil é o maior exportador de carne bovina.

O caso da bovinocultura é curioso. Pernambuco desponta no melhoramento genético para bois e vacas. Know how obtido com o amadurecimento de uma cadeia de pesquisa genética para caprinos. Os bovinos poderiam ganhar o mercado interno e até o externo de carnes caso o Estado fosse classificado como livre da febre aftosa. Há uma expectativa de que esse ano Pernambuco ganhe essa classificação. Só que isso só aumentaria os desafios para os produtores. Faltam, por exemplo, matadouros adequados para o corte de carne com padrões internacionais de higiene. O presidente do IPA, Júlio Zoé de Brito, enumera outros deveres do agronegócio pernambucano para os próximos anos: “Temos que apoiar muito mais o agricultor familiar. Investir em agroindústrias automatizadas. Criar sustentabilidade para as culturas em desenvolvimento. E adotar a agricultura de precisão, com largo uso da informática no campo”.

Fonte: Jornal do Commercio


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