
Pesquisas melhoram genética do feijão
O Instituto Agronômico de Pernambuco mantém um programa de pesquisas voltado para o melhoramento genético dos feijões de arranca e macassar, desde 1964. Até hoje, foram desenvolvidas 13 variedades de feijão Phaseolus Vulgaris L . (de arranca) e sete cultivares do feijão-caupi. Responsável por esse trabalho de pesquisa desde 2007, o pesquisador Antonio Félix da Costa desenvolve novas variedades de feijão-caupi e de arranca.
Engenheiro agrônomo , formado pela UFRPE, em 1975, Félix possui mestrado em Fitovirologia, pela Universidade de Brasília, em 1983, e doutorado em Fitopatologia pela Universidade Federal de Viçosa (Viçosa MG) em 1995. Ele também é especialista em Tecnologia e Produção de Sementes, pela Universidade Federal de Pelotas (Pelotas RS) em 2008. Em entrevista ao Núcleo de Comunicação do Instituto Agronômico de Pernambuco, ele fala sobre esse assunto.
NUC-Qual a previsão de lançamento de uma nova variedade?
Antonio Félix – Estamos na fase final do processo. O lançamento poderá ser feito até o final de 2016.
NUC - Qual o principal diferencial dessa cultivar?
Antonio Félix – Ela será mais resistente a doenças e mais produtiva das que estão atualmente em cultivo.
NUC –Quais foram as cultivares já lançadas pelo IPA?
Antonio Félix –Em 1974, o IPA lançou a primeira variedade de feijão comum, a IPA 74-19, que foi disseminada em muitos estados brasileiros. Ao longo desses anos foram desenvolvidas 13 variedades, com destaque para a excelência dos materiais: IPA 1, IPA 6 (feijão mulatinho), Princesa (feijão carioca), IPA 10 (feijão preto) e IPA 7 (resistente a alta temperatura). Entre as variedades de feijão-caupi, destacam-sea IPA 201, lançada na década de 80, IPA 206 e a Miranda IPA 207, batizada em homenagem ao melhorista do IPA, Paulo Miranda. Essas duas últimas ainda em cultivo.
NUC – Como estão os trabalho de pesquisa?
Antonio Félix – Depois da retomada de cruzamentos em 2007, este ano o programa teve a estrutura complementada com a instalação dos ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU), fase exigida pela legislação vigente para se chegar ao registro de uma cultivar. Desse modo, a partir de 2016 será possível o lançamento de novas cultivares dessas duas espécies.
NUC – Quantos e onde são realizados os experimentos?
Antonio Félix – Em torno de 60 experimentos, realizados nas estações experimentais de Itapirema (Goiana), Dr. José Nilson de Melo (Caruaru), São João (propriedade particular), Brejão, Arcoverde, Dr. Lauro Ramos Bezerra (Serra Talhada), Belém do São Francisco e Araripina.
NUC- Qual a área total de cultivo em Pernambuco?
Antonio Félix- O Estado possui 300 mil hectares plantados, divididos , equitativamente, entre os feijões dearranca ou comum, no Agreste, e o feijão-caupi (macassar, de corda, etc), na Zona da Mata e Sertão. Mas esse último vem ganhando espaço, devido à sua resistência à estiagem e às altas temperaturas.
NUC- E o trabalho de orientação acadêmica?
Antonio Félix – Iniciada em 2004, atualmente existe intensa atividade de co-orientação e de supervisão, com estudantes executando atividades no IPA ou na universidade de origem.
NUC- E são quantos alunos?
Antonio Félix –Nesse momento, são cinco pós-doutores, em diversas áreas, com projetos financiados pela Facepe e CNPQ. Mais sete estudantes de doutorado, da UFPE e UEM/Maringá, dos quais cinco desenvolvem suas pesquisas no IPA. Também co-orientamos três estudantes de mestrado, da UFPE e UFRPE. Para 2016 estão selecionados e confirmados a orientação de dois alunos de doutorado, ambos da UFPE. Além disso, há pedido aguardando para mais uma bolsa de pós-doutorado da Facepe.
Nos níveis de graduação e médio , são três estagiário do Colégio Dom Agustinho Ikas (Codai) e um graduando de Agronomia da UFRPE. Também participam sete graduandos de Biologia, da UPE, UFPE, FUNESO e Faculdades Guararapes, em estágios curriculares e, bolsa iniciação científica ou realizando monografia ou estágios supervisionados. Essas atividades contam com a colaboração de doutorandos e pós-doutores.
Essas ações envolvem pesquisa com melhoramento genético dos feijões, controle da cochonilha do carmin,controle alternativo ou biológico de pragas e doenças , manejo de plantas, nutrição de plantas, controle de ervas daninhas, biologia molecular, palma forrageira na alimentação humana e ciência e tecnologia de sementes.
NUC-Quais as parcerias firmadas?
Antonio Félix –Entre as mais antigas, destaco a parceria com a Embrapa Arroz e Feijão (feijão comum) e com a Embrapa Meio Norte (feijão-caupi). Mais recente, tomou impulso o trabalho desenvolvido com o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e com os departamentos de Micologia, Genética Vegetal e Molecular e de Bioquímica da UFPE. Em fase de conclusão de mais duas parcerias, a primeira com Univasf, para desenvolvimento de pesquisa em melhoramento genético de feijão. A outra com o Campu II, da UFPB, para estudos nutricionais em feijão.
Fonte: Nùcleo de Comunicação do IPA