27 de julho de 2020

Sementes crioulas e a resistência no Agreste pernambucano

Além de servir às necessidades biológicas, a prática da agricultura pode ser um ato de resistência, como no caso da agricultura familiar empenhada em preservar e perpetuar as sementes crioulas. São sementes diversificadas, adaptadas ao meio e também mais resistentes, que passaram por uma melhoria genética. “A semente crioula é, na verdade, a semente mais original que existe no planeta. Todas as sementes da espécie vegetal que foram domesticadas ao longo do tempo são crioulas. E elas se adaptaram a diversos locais em diversos continentes do mundo e carregam esse tempo histórico de existência”, como explica o extensionista do IPA Pedro Balensifer. 
 
No Banco de Sementes Crioulas localizado na Zona Rural de Garanhuns, no Agreste, 150 variedades de espécies são armazenadas, entre elas feijão, fava, jerimum, cabaças e adubos verdes. Outras raridades por lá são os milhos, incluindo o milho alho, ideal para a preparação de pipoca e que, graças à iniciativa de armazenamento, escapou da extinção naquela região. “Temos também o milho batité, que é o milho antigo, nunca perdemos a semente dele. E temos também o milho alho, que a gente tem duas variedades: o branco e o vermelho. Ele chegou a ser extinto na nossa região. Depois das casas de sementes, começamos a resgatar”, enfatiza a coordenadora do Banco de Sementes, Margarida Maria de Melo. 
 
Antes de ir para o armazenamento, as sementes passam por um processo de secagem. É necessário chegar no ponto ideal de umidade, entre 11% a 13%. “Como os agricultores não têm um medidor de umidade, que é caro, eles mordem a semente no dente e vê o nível de secagem. Quando a semente trinca no dente, é porque ela está no ponto ideal”, afirma Pedro Balensifer. A secagem é feita no sol, em uma lona clara para que não haja absorção de calor. Depois de passar 1 ou 2 dias secando, ela pode ser colocada em garrafas de plástico para estocagem. 

Fonte: Núcleo de Comunicação