Ao longo de seus setenta e um anos o IPA — foi criado em sete de setembro de 1935 —
tem apresentado um elenco de contribuições da maior relevância para o
desenvolvimento de Pernambuco. Já no ano de sua fundação, 1935, foram
realizados estudos sobre as propriedades físicas, químicas e de fertilidade de
solos da região, inclusive da bacia do São Francisco. Na área de Botânica
tiveram início os estudos relativos a sistemática, fisiologia, anatomia e fitogeografia.
Esses trabalhos se intensificaram ao longo do tempo, de modo a transformar o IPA na instituição
detentora do maior e mais antigo herbário do Nordeste e um dos maiores do Brasil, com cerca de 56.000
exsicatas, que são amostras secas de plantas, com identificação do exemplar e
informações gerais sobre o coletor e local de colheita.
Foram pesquisadores do IPA, em Botânica e Ecologia, cientistas de projeção
internacional, como Phillip von Luetzelburg, Bento Pickel, Vasconcellos Sobrinho e Dárdano de Andrade Lima.
Na área de fitossanidade reside uma das mais expressivas contribuições do IPA ao
desenvolvimento da agropecuária e à defesa do meio ambiente. As pesquisas realizadas
levaram à identificação dos agentes causadores e à descoberta dos métodos
biológicos e químicos de controle de pragas e doenças de plantas de interesse social e
econômico. Assim, foi possível proceder-se ao controle da cigarrinha da cana-de-açúcar
com o fungo Metarhizium anisopliae e do moleque da bananeira, com o fungo Beauveria bassiana.
Além desses, foram obtidos outros biocontroladores, cujo uso se reflete na redução dos custos
de produção das lavouras e no equilíbrio ambiental. Ainda no campo da pesquisa e
produção desses insumos, os trabalhos do IPA com biologia de solos resultaram na oferta de
inoculantes fixadores de nitrogênio, substituindo fontes minerais desse elemento nos cultivos,
principalmente de leguminosas, trazendo novamente resultados que repercutem nos custos de produção
e no meio ambiente.
A pesquisa no campo da cultura de tecidos tem possibilitado a obtenção de mudas de plantas isentas
de doenças virais, fúngicas e bacterianas. No momento, os esforços estão sendo
direcionados para a produção de mudas sadias de banana e de batatinha, esta uma cultura que a
cada dia vem ganhando expressão em alguns municípios do Agreste pernambucano e que tem potencial
para elevar a renda dos sistemas de produção familiar.
As hortaliças têm se constituído foco da maior e melhor atenção do IPA, tanto
no passado quanto no presente. O relatório do primeiro ano de atividades do IPA registra que “está
sendo observado o comportamento genético de algumas variedades de tomate recebidas recentemente da Universidade
de Cornell”. Destaca também que no ano seguinte, 1936, “terá avançado plano de
melhoramento genético de tomate e outras culturas”. No passado recente e no presente o IPA tem dedicado
esforços intensos à pesquisa com hortaliças, gerando resultados que, em alguns casos, modificaram
completamente o perfil produtivo das culturas. A cebola é outra hortaliça que recebeu tratamento preferencial
nas programações de pesquisa, tendo o IPA desenvolvido tecnologia pioneira para regiões tropicais
ao conseguir a produção de sementes de cebola nas condições do semi-árido, sob
processo denominado vernalização artificial. Desde algum tempo, em conseqüência desse empenho,
foram geradas diversas cultivares que ganharam a preferência de plantadores e consumidores.
A pecuária bovina pernambucana foi alvo de intenso trabalho de pesquisa do IPA, do qual derivou a
criação da bacia leiteira de Pernambuco e, por fim, a criação do bimestiço
girolando. O IPA também contribuiu decisivamente para o melhoramento do rebanho bovino ao colocar no
mercado mais de seiscentos tourinhos da raça holandesa preta-e-branca, de alta linhagem, obtidos em sua
Estação Experimental de São Bento do Una, e mais de quatrocentos tourinhos bimestiços
girolando, resultado de projeto de melhoramento que vem sendo executado há mais de vinte anos na Estação
Experimental de Arcoverde. Ainda relativamente à produção animal, cita-se o trabalho de
implantação, em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, do primeiro laboratório
de produção de pós-larvas de camarão de água doce, da espécie Macrobrachium
rosenbergii, que deu ensejo à criação em escala comercial do camarão em Pernambuco.
Os trabalhos mais recentes se voltaram ao camarão marinho.
As pesquisas com fruteiras vêm sendo realizadas desde a fundação da instituição,
com maior ênfase nos últimos vinte anos. A demanda para o consumo de frutas,seja in natura ou
processadas, e o potencial para o cultivo de fruteiras apresentado pelos vales irrigados do semi-árido, pelos
brejos de altitude e pela Zona da Mata justificam a intensificação dos trabalhos com espécies
frutícolas. Nesse sentido, o IPA já colocou à disposição dos agricultores um
conjunto expressivo de resultados, entre os quais se mencionam: técnicas para produção de abacaxi
fora da época tradicional , quando ocorre a entressafra; tecnologia para o corte da bananeira e uso de mudas
capazes de aumentar o peso dos cachos; tecnologia para sobre-enxertia do abacateiro; cultivares de goiaba para fins
industriais; variedades de graviola de alta produtividade; tecnologia para controle biológico da broca da bananeira
e tecnologia para multiplicação vegetativa da acerola.
Preocupado com a produção de amiláceos, por serem fonte principal de energia para as
populações de menor poder aquisitivo, o IPA dedica grande esforço à pesquisa
com mandioca, inhame e batata-doce. Os resultados já estão, em grande parte, incorporados
aos sistemas de produção dos agricultores por meio de variedades de mandioca mais produtivas
e resistentes a doenças limitantes, técnicas de plantio, de manejo e de beneficiamento. De
igual forma, foram geradas tecnologias que possibilitam produzir batata-doce de melhor qualidade, com
emprego de mudas oriundas de cultura de tecido.
Desde 1966 o IPA executa trabalhos de melhoramento do feijoeiro, de que resultaram cultivares que hoje
ocupam posição de vanguarda no estado, na região e no país. São mais
produtivas e resistentes à maioria das doenças que incidem sobre o feijoeiro nas diferentes
áreas de produção. As cultivares obtidas pelo IPA ganharam preferência
também fora das fronteiras de Pernambuco, como é o caso da IPA 74-19, que chegou a ser
a mais plantada no polo agrícola de Irecê, na Bahia.
O sorgo apresenta-se como uma das culturas introduzidas pelo IPA. A sua importância como planta produtora
de grãos e de forragem, sobretudo, justifica o grande volume de projetos de pesquisa realizados. Como
resultado, foram geradas técnicas de cultivo, de controle de pragas e doenças e, principalmente,
foram efetuados trabalhos de melhoramento genético que possibilitaram a obtenção de
inúmeras cultivares, tanto para produção de grãos como de forragem. O programa
de sorgo do IPA deu uma contribuição marcante à questão da produção
de alimentos para bovinos no Agreste e em parte do Sertão bem como para a alimentação de aves.
A seringueira, a exemplo do sorgo, também foi uma cultura introduzida no estado pelo IPA. Os trabalhos de
introdução da heveicultura em Pernambuco se constituem em novas alternativas econômicas, ao
lado da cana-de-açúcar, para a Zona da Mata. A aptidão da espécie foi total e a
satisfação dos que a plantaram confirma o sistema de produção da seringueira como
capaz de modificar a paisagem agrícola da zona canavieira, principalmente depois da obtenção,
pelo IPA, de clones de elevada produtividade e tolerantes a doenças importantes.
Muitos outros resultados dos esforços do IPA somam-se aos que foram mencionados, como os relativos a
coqueiro, bicho-da-seda, hortaliças folhosas, entre outros, que de uma forma ou de outra se incorporaram
aos respectivos sistemas de produção.
O acervo de realizações do IPA ao longo de sessenta anos foi decisivo à agropecuária
de um modo geral e à agropecuária pernambucana, em particular. O impacto desses resultados seria de
outra magnitude se instrumentos de política agrícola como crédito, preços e
comercialização, por exemplo, tivessem sido operados adequadamente. De igual forma, a falta de
implantação de uma política agroindustrial limitou fortemente a adoção das
tecnologias geradas.
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