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CULTURA DO MARACUJAZEIRO
João Emmanoel Fernandes Bezerra, Ildo Eliezer Lederman, Rildo Sartori Barbosa Coelho e Ângela Maria Costa de Lyra Netto

EM QUE CLIMA DEVE SER PLANTADO?

O maracujazeiro requer calor, umidade e dias longos, o que lhe permite nestas condições, produzir o ano todo. Temperaturas  médias entre 25° a 27°C, comprimento do dia com pelo menos 11 horas de sol e chuvas de 800 a 1.750mm, bem distribuídas, são as condições indicadas para a cultura.

CHUVAS INTENSAS PREJUDICAM A CULTURA?

Sim. Elas favorecem a incidência de doenças e comprometem a produção, por dificultarem a polinização ou o desenvolvimento do pólen. A atividade dos insetos polinizadores é também reduzida, e o grão de pólen pode estourar em contato com a umidade.

O VENTO FORTE É PREJUDICIAL AO MARACUJAZEIRO?

Sim. O vento em velocidade elevada dificulta o crescimento da planta até o fio de arame do sistema de sustentação. Pode provocar também, o tombamento de linhas inteiras da cultura, além de causar dessecação das plantas e favorecer a erosão do solo.

COMO EVITAR A AÇÃO DO VENTO?

Utilizando a prática denominada de quebra-ventos, de forma a não barrá-lo totalmente  dentro da plantação. Os capins de corte como napier, elefante etc. têm sido largamente utilizados, tanto em redor das plantações como dentro delas.

EM QUE TIPOS DE SOLO DEVE SER PLANTADO?

Os mais indicados são os arenosos ou levemente argilosos, profundos e bem drenados, com pH entre 5,0 e 6,0. Regiões em que o solo fica alagado por um certo período, como os solos planos de várzea (baixadas), são desaconselháveis.

QUAIS AS  PRINCIPAIS VARIEDADES EXISTENTES NO MERCADO?

O Maracujazeiro-amarelo é a variedade mais cultivada em Pernambuco, entretanto, existe o Maracujazeiro-roxo, cujo suco se assemelha ao do amarelo. Além destas existem disponíveis para o mercado noutros Estados, diversas variedades, tais como Marília, Golden Star, Roxo Australiano, além de vários híbridos.

QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DESSAS VARIEDADES?

No Maracujazeiro–amarelo, o  fruto tem forma ovóide, alcança de 40 a 250g e fica com a casca amarela, quando maduro. Esta variedade é mais adaptada para regiões de baixa altitude. No Maracujazeiro-roxo, a forma do fruto é semelhante ao amarelo, alcançando peso de 32 a 220g e, quando maduro, a casca adquire cor púrpura. Esta variedade é mais recomendada para regiões de maior altitude, com clima mais frio.

COMO OBTER MUDAS PARA O PLANTIO?

As mudas devem ser obtidas de viveiristas credenciados ou produzidas na própria propriedade.

QUANTO TEMPO LEVA PARA SE PRODUZIR UMA MUDA E QUANDO REALIZAR O PLANTIO NO CAMPO?

São necessários  50 a 70 dias contados da semeadura  ao ponto de plantio no campo, o que ocorre quando as mudas atingem de 15 a 25cm de altura. Após a muda emitir a primeira gavinha, é chegado o último estágio para o plantio no campo.

QUAL O ESPAÇAMENTO INDICADO?

Os  espaçamentos mais utilizados são 3x5m (666 plantas/ha) ou 2,5x5m (800 plantas/ha).

QUAL O TAMANHO DA COVA E COMO FAZER O PLANTIO?

As covas devem ter as dimensões de 50x50x50cm, sendo localizadas nas fileiras, eqüidistantes das estacas da espaldeira. As mudas sadias devem ser plantadas em covas previamente preparadas, adubadas e colocadas com o colo cerca de cinco centímetros acima do nível do solo, devendo-se fazer, a seguir, uma irrigação com 20 litros de água por planta.

COMO FAZER A ADUBAÇÃO?

A adubação deve ser baseada nas análises de fertilidade do solo, realizadas pelo IPA ou outro órgão credenciado, obedecendo às recomendações técnicas para o Estado de Pernambuco. Proceder à análise de solo três a quatro meses antes do plantio,  para que haja tempo de efetuar a calagem com antecedência de dois a três meses  do plantio e definir o esquema de adubação a ser seguido.

O MARACUJAZEIRO NECESSITA DE SISTEMA DE SUSTENTAÇÃO?

Apesar de ser uma planta vigorosa e semilenhosa, o seu tronco não é suficientemente desenvolvido para sustentá-la, e os ramos necessitam de uma superfície onde possam se amparar para suportar  o peso da massa vegetativa e da produção.

QUAIS OS SISTEMAS  DE SUSTENTAÇÃO MAIS EMPREGADOS E COMO SÃO CONSTRUÍDOS?

Os sistemas de sustentação ou de condução mais utilizados são  a espaldeira vertical e a latada. O primeiro, além de fácil construção, facilita a realização da polinização manual, das podas e dos tratamentos fitossanitários. A espaldeira vertical é uma cerca formada por estacas ou postes com 2,60m de comprimento,  enterrados a 60cm do solo e distanciados de quatro a seis metros um do outro. Nesse sistema pode-se usar um ou dois fios de arame liso nos 10 ou 12. No primeiro caso, o arame deve ser posto no ápice das estacas, e quando se usa dois arames, deve-se colocar o segundo a 40cm abaixo do primeiro. A latada é construída trançando-se o arame a cada 0,5m, e é formada por estacas ou postes a cada cinco ou seis metros de distância, com altura livre de dois metros. As laterais devem ter o comprimento de no máximo 50m.

QUAIS AS PODAS UTILIZADAS E COMO EFETUÁ-LAS?

A poda de formação deve ser efetuada imediatamente após o transplantio, colocando-se, ao lado da muda, um tutor ao qual a planta é fixada periodicamente por meio de um amarrilho, ocasião em que são eliminadas todas as brotações laterais, deixando-se apenas uma haste única e contínua até atingir o primeiro fio de arame.  Se o sistema de latada for de dois fios, são deixados dois brotos laterais, que são amarrados, horizontalmente, em sentidos opostos. A haste central continua sendo desbrotada, crescendo, até ultrapassar o fio superior, em cerca de 20cm, quando é feito o seu desponte, de modo a obter dois ramos, que serão presos no arame, um para cada lado. Os ramos laterais e os cordões são periodicamente fixados aos arames, até a estaca, quando é feita a poda da extremidade para favorecer o aparecimento das brotações laterais. Dos cordões saem as brotoções laterais, que crescem verticalmente e formam a cortina produtiva. Outra poda realizada é a de limpeza, onde se faz a eliminação de ramos secos e doentes, e dos ramos que alcançam o solo, deixando-os a 20cm da superfície.

EM QUE CONSISTE A POLINIZAÇÃO E QUAL A IMPORTÂNCIA DA “MAMANGAVA” NESTE PROCESSO?

Para que ocorra a produção de frutos no maracujazeiro, é preciso que haja a transferência de grãos de pólen de uma flor para o órgão feminino (estigma) de uma outra flor. Essa operação, conhecida como polinização, é altamente favorecida com a ajuda do inseto “mamangava”, que visita as flores do maracujazeiro, em busca do néctar.  

 QUANDO OCORRE A ABERTURA E O FECHAMENTO DAS FLORES DO MARACUJAZEIRO-AMARELO?

A abertura das flores se dá após o meio-dia, e o fechamento à noite. Uma vez fechadas, as flores não abrem mais e, caso não tenham sido polinizadas,  secam e caem.

A POLINIZAÇÃO ARTIFICIAL É MESMO UMA PRÁTICA RECOMENDÁVEL?

Em algumas áreas e em determinadas épocas, o número de “mamangavas” não é suficiente para a polinização de todas as flores de um maracujazeiro , especialmente quando se trata de grandes plantios. Nesses casos, e com o intuito de aumentar a produção de frutos, faz-se uso da polinização manual ou artificial. Para se fazer a polinização manual, coleta-se antes o pólen das flores (pó de cor amarela) e, com a ajuda de dedeiras de flanejas, passa-se de flor em flor, transferindo-se o pólen para o estigma.

QUANDO DEVE SER FEITA A POLINIZAÇÃO ARTIFICIAL? 

Essa operação deve ser feita logo no início da tarde, evitando-se com isso a concorrência das “mamangavas” pelos grãos de pólen.

É VERDADE QUE AS PULVERIZAÇÕES FEITAS CONTRA AS PRAGAS E DOENÇAS DO MARACUJAZEIRO PODEM AFASTAR AS VISITAS DAS “MAMANGAVAS”?

Sim, mas para que isto não aconteça, e diante da necessidade de se fazer periodicamente o controle fitossanitário, recomenda-se que as pulverizações sejam feitas unicamente pela manhã, quando as flores do maracujazeiro-amarelo ainda estão fechadas e não se observa a presença da “mamangava”.

COMO DEVE SER FEITO O CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS?

Pode ser feito por meio da capina manual com enxada, evitando ferimentos no colo e raízes das plantas,  com herbicidas, nas linhas de plantio ou com o uso de roçadeira na entrelinha. Pode-se usar tanto herbicidas de pós como de pré-emergência, evitando,  contudo, o seu contato com a planta. Os herbicidas mais utilizados pelos  produtores são: o Diuron, o  Glifosate, o Paraquat e o Dalapon. Para evitar ferimentos no colo e raízes das plantas, não se deve utilizar implementos como grade, enxada rotativa e carpideira.

DEVE-SE IRRIGAR O MARACUJAZEIRO?

Sim. O seu uso pode estender o período de produção, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos frutos. A implantação de um sistema de irrigação varia de um local para outro, em função do déficit hídrico, da luminosidade e da temperatura, entre outros fatores. O gotejamento e a microaspersão são os sistemas mais indicados. A aspersão apresenta a desvantagem de manter alta a umidade nos ramos, favorecendo o surgimento de doenças.

QUAIS AS PRINCIPAIS PRAGAS E COMO CONTROLÁ-LAS?

  • Lagartas - provocam destruição de folhas, corte das brotações novas e raspagem dos ramos das plantas. Deve-se combatê-las com inseticida à base de Bacilus thuringiensis (Dipel PM) na dosagem de 100g/100L de água, adicionando espalhante adesivo à calda de inseticida. Repetir duas vezes em intervalos semanais.
  • Percevejos – provocam a queda dos botões florais e frutos novos e a murcha dos frutos maiores que enrugam e crescem deformados. É necessária a eliminação do melão-de-são-caetano, bem como evitar o plantio de chuchu e bucha nas redondezas da plantação de maracujá. Produtos como Carbaryl (Sevin 850 PM), podem ser utilizados na dosagem de 20g/20L de água, repetindo-se duas a  três vezes, conforme a infestação, em pulverizações espaçadas de dez dias.
  • Moscas-das-frutas – as larvas destroem a polpa dos frutos, inutilizando-os para o consumo. Os frutos mais desenvolvidos não amadurecem e murcham. As iscas envenenadas devem ser aplicadas de 15 em 15 dias, apenas de um lado da planta e de forma descontínua. A isca deve ser feita com cinco quilos de melaço ou açúcar, misturados ao inseticida Fenthion (Lebaycid 500) na dosagem de 50ml/100L de água, normalmente em três aplicações espaçadas de oito a dez dias.

QUAIS AS PRINCIPAIS DOENÇAS E COMO CONTROLÁ-LAS?

  • Superbrotamento - também conhecida pelo nome de “macheamento”, é facilmente reconhecida pela redução do tamanho da planta e pelo brotamento excessivo dos ramos. As folhas ficam bronzeadas e amarelecidas nas margens. Ocorre queda de flores e frutos. O controle deve ser preventivo, pelo uso de mudas sadias e eliminação de plantas infectadas no pomar.
  • Murcha-de-Fusario – causa murcha, amarelecimento e morte da planta em qualquer fase de desenvolvimento. Na parte inferior do caule, observa-se escurecimento interno quando se faz um corte. No controle da doença deve-se aplicar medidas preventivas, como a utilização de mudas sadias, evitar o plantio em áreas com muita matéria orgânica e mal drenadas, não plantar maracujá-roxo e não ferir as raízes quando fizer a limpa manual.
  • Verrugose e Antracnose – são duas doenças que atacam principalmente os frutos no campo e após a colheita. A verrugose é caracterizada por lesões verrugosas na superfície do fruto, reduzindo o seu valor comercial. Não afeta as sementes e a qualidade do suco. Na antracnose, os sintomas nos frutos ocorrem na forma de manchas circulares,  deprimidas, de coloração marrom-clara à escura. As lesões afetam a polpa do fruto. O controle destas doenças é feito através da eliminação de folhas e frutos muito atacados e pulverização com fungicidas cúpricos (Agrinose, Cupravit ou Cobre Sandoz) na dosagem de 250 a 350g/100 litros de água,  ou fungicidas carbamatos (manzate D) na dosagem de 150 a 200g/100 litros de água. Os intervalos de aplicação devem ser de 14 a 30 dias em função das condições favoráveis às doenças.
  • Virose – o endurecimento dos frutos é considerado a virose mais importante do maracujazeiro. Os sintomas nas folhas caracterizam-se pela formação de áreas de verde intenso e claro a amarelo (mosaico), manchas em forma de anel, deformações e enrugamento. Nos frutos, chama a atenção o endurecimento e espessamento da casca. O controle é feito pelo uso de mudas sadias, eliminação de plantas afetadas e plantas daninhas hospedeiras do vírus, como amendoim, crotalária e centrozema.

 A COLHEITA DEVE SER REALIZADA APENAS NOS FRUTOS JÁ CAÍDOS?

Não. A colheita deve ser feita quando os frutos apresentarem mudanças na coloração, passando de verde-escuro para verde-amarelada, mas ainda presos à planta. Os frutos caídos também devem  ser apanhados do solo e aproveitados, mas para se reduzir a perda de peso, devido ao murchamento e podridões, recomenda-se fazer a colheita duas a três vezes por  semana durante a safra.

É POSSÍVEL ARMAZENAR OS FRUTOS COLHIDOS POR MUITO TEMPO ATÉ A SUA COMERCIALIZAÇÃO?

Não. O maracujá após a colheita, inicia o processo de murchamento da casca, sem, contudo, apresentar maiores prejuízos na qualidade da polpa. A comercialização, portanto, deve ser feita quase imediatamente, uma vez que cada dia de armazenamento significa prejuízo para o produtor.

QUAL O RENDIMENTO MÉDIO ESPERADO POR ANO?

Estima-se uma produtividade, em condições de sequeiro, de oito a dez toneladas por hectare no primeiro ano, 16 a 20t/ha no segundo e 12 a 14t/ha no terceiro ano. Em áreas irrigadas, pode-se chegar a uma produtividade entre 25-30t/ha.

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